Enfermagem e ciência

Teorias de enfermagem

As teorias de enfermagem surgem dentro do contexto de orientações filosóficas, ou seja, da maneira como o mundo é visto segundo aquele prisma. É uma forma de descrever, predizer, resumir e explicar os papeis dos cuidados de enfermagem, além de impor limites a um determinado conteúdo.

Elas permitem ao enfermeiro organizar a prática e compreender o resultado obtido, pois possibilitam analisar de maneira crítica as situações dos pacientes, tomar decisões clínicas, planejar os cuidados e propor adequadas intervenções de enfermagem, definindo os resultados esperados e avaliando a sua eficácia junto aos clientes.

Virgínia Henderson

Virgínia Avenel Henderson nasceu em 1897, em Kansas City, e o interesse pela enfermagem surgiu durante a Primeira Guerra Mundial, pois desejava prestar atendimento aos feridos e enfermos de guerra. Formou-se em 1921, na Escola do Exército, concluindo seus estudos e mestrado em 1926. Ministrou cursos com enfoque na Enfermagem Clínica, na área analítica, de 1930 a 1948, sendo indicada como pesquisadora na Universidade de Yale, em 1953.

Hildegard Elizabeth Peplau

Hildegard Elizabeth Peplau nasceu em 1909, no Estado da Pensilvânia, EUA, e foi a primeira teorista de enfermagem publicada após Florence Nightingale, ela criou a teoria da enfermagem através das relações interpessoais em 1952 que ajudou a revolucionar os trabalhos acadêmicos das demais enfermeiras.

Considerada a mãe da enfermagem psiquiátrica, Hildegard Peplau desenvolveu seu trabalho definindo a enfermagem psicodinâmica e descrevendo os conceitos estruturais do processo interpessoal.

Ela foi uma enfermeira de cuidado psiquiátrico que, visando à formação das relações como elemento essencial ao cuidado de enfermagem, buscou identificar, junto a uma mulher jovem que apresentava ideias suicidas, as seguintes fases da relação enfermeiro-paciente: orientação, identificação, exploração e resolução.

Como principal contribuinte para a reforma da lei da saúde mental, ela abriu o caminho para o tratamento humano de pacientes com distúrbios de comportamento e personalidade. Peplau via a enfermagem como uma profissão educativa que promove a saúde do indivíduo.

Dorothea Orem

Dorothea Orem nasceu em 1914, nos Estados Unidos, formou-se em enfermagem em 1939 e, em 1945, terminou seu mestrado. A primeira publicação da sua teoria foi em 1959 e sofreu diversas alterações nos anos seguintes, sendo a última versão publicada em 1991.

A autora desenvolveu sua teoria fundamentada no conceito de que as pessoas devem cuidar de si mesmas, desde que possuam condições. Quando a pessoa em questão é uma criança, ela considera a capacidade para cuidar apresentada pelos pais.

Orem define em sua teoria que a necessidade de intervenção de enfermagem surge quando há ausência ou diminuição da capacidade de autocuidado, ou quando os pais não conseguem executar o cuidado de seus filhos.

Desse modo, deve-se observar até que ponto o paciente é autossuficiente para que se possa intervir. Nesta situação, a intervenção de enfermagem é considerada como terapêutica necessária para a manutenção da condição de saúde, ou para a recuperação e enfrentamento dos processos de adoecimento.

Callista Roy

Callista Roy nasceu em 1939, em Los Angeles, Estados Unidos, e formou-se enfermeira em 1963. Em 1977, defendeu seu doutorado, quando desenvolveu um modelo de adaptação pessoal. Em 1991, publicou o Modelo de Adaptação de Roy, também chamado de Teoria de Callista Roy.

Martha Roger

Martha Elizabeth Rogers nasceu em 12 de maio de 1914, no Texas, Estados Unidos, e formou-se como enfermeira em 1936. Defendeu seu mestrado em 1945 e, em 1952, já estava defendendo o doutorado. Ela faleceu em 1994.

Antes de formar-se enfermeira, havia entrado para cursar medicina, mas, em função da pressão exercida pela sociedade, que afirmava que o curso não era adequado para mulheres, resolveu encaminhar seus estudos para a enfermagem.

O campo energético humano é um sistema aberto em troca ininterrupta de energia com o ambiente, ao qual está integrado, configurando um campo energético suficientemente forte para se estender ao infinito.

Teoria dos humanos unitários (1970)

Para Rogers, o objetivo do tratamento de enfermagem é promover uma interação harmoniosa entre o homem e seu ambiente. Assim, a teoria de Rogers diz que o enfermeiro deve colocar o cliente em contato com o ambiente que o circunda, pois a troca de energia entre ambos é benéfica e necessária. Ela ainda afirma que o homem evolui de forma imprevisível e irreversível nesta relação com o ambiente.

Para um planejamento embasado na ciência do ser humano unitário, considera-se a família como seres abertos de energia, e a aplicação dos princípios hemodinâmicos e da pandimensionalidade.

Imogene M. King

Imogene M. King nasceu em 30 de janeiro de 1923, nos Estados Unidos, formou-se enfermeira em 1948, defendeu seu mestrado em 1957 e o doutorado em 1961 e faleceu em 2007.

A autora utilizou como foco, em sua teoria, o alcance dos objetivos de saúde pelo cliente. Para ela, a saúde é definida como uma situação de ajuste contínuo aos estressores, sejam eles internos ou externos ao indivíduo, sempre visando à otimização do potencial de vida.

Myra Estrin Levine

Myra E. Levine nasceu em 1920, nos Estados Unidos, e formou-se enfermeira em 1944. No ano de 1962, defendeu seu mestrado. Para Myra E. Levine o papel da enfermagem é apoiar e promover a adaptação do paciente, pois a doença é um distúrbio que provoca a desintegração do organismo humano.

Teoria holística

A teoria holística de Myra Levine considera o paciente como um todo, onde todos os sistemas devem estar em equilíbrio, uma estreita relação entre corpo-mente, sensível ao mundo ao seu redor e todos os componentes que o permeiam. Esta teoria tem um destaque na área da saúde, onde vemos cada vez mais atendimentos mecanizados, focados no paciente fragmentado.

Jean Watson

Jean Watson nasceu em 1940, nos Estados Unidos. Formou-se enfermeira em 1961 e defendeu o mestrado em saúde mental em 1966. No ano de 1973, defendeu seu doutorado em psicologia educativa e assistencial.

Teoria do cuidado transpessoal

A teoria do cuidado transpessoal está alinhada a uma proposta de cuidado transcendental, capaz de contemplar o indivíduo em sua integralidade de corpo-mente-espírito.

A teoria do cuidado transpessoal de Watson pode ser classificada como interacionista, uma vez que sua prática acontece através das interações paciente/enfermeira. Esta influência mútua no cuidado é uma experiência que necessita de diálogo entre pessoas, no qual cada uma delas sente a disponibilidade, a proximidade e a compreensão uma da outra, além de partilharem histórias de vida, trajetórias e angústias.

Madeleine M. Leininger

Madeleine Leininger (1925-2012) nasceu em Sutton, Nebraska, EUA, e frequentou as escolas Sutton High School e Scholastica College. Leininger iniciou sua carreira em 1948 ao concluir o curso de graduação em enfermagem em St Anthony 's School of Nursing (Denver-Colorado-EUA).

Como enfermeira, Madeleine Leininger reconheceu a falta de conhecimento cultural e de cuidado como um componente ausente na assistência de enfermagem e paciente.

Teoria do cuidado transcultural (1978)

A teoria de Leininger é focada em fornecer cuidados que estejam em harmonia com as crenças, práticas e valores culturais de um paciente. Na década de 1960, ela cunhou a frase: cuidado culturalmente congruente – que é o objetivo principal da enfermagem transcultural.

Modelo de Sunrise

O modelo de Sunrise desenvolvido por Madeleine Leininger é representado graficamente como um sol nascente, com o cuidado no centro e diversos fatores irradiando em torno, que simbolizam os elementos que influenciam o cuidado de enfermagem.

Betty Neuman

Betty M. Neuman nasceu em Ohio, Estados Unidos, em 11 de setembro de 1924 e viveu em sua cidade natal até se formar no ensino médio em 1942, quando se mudou para Dayton onde ela trabalhou em uma indústria aeronáutica que operou durante o período da Segunda Guerra Mundial nos Estados Unidos.

Em 1944, ela começou sua formação como enfermeira quando estudou em um programa de treinamento por três anos e obteve seu diploma oficial de enfermagem, em 1947. Nesse mesmo ano, ela se mudou para Los Angeles, cidade onde começou a trabalhar no Hospital Geral de Los Angeles como membro das enfermeiras.

Neuman trabalhou especificamente no Departamento de Doenças Transmissíveis, onde avançou rapidamente para se tornar chefe de enfermeiras de hospitais. Em 1956, começou a estudar Saúde Pública, com especialização na área de psicologia. Após concluir seus estudos, de 1964 a 1966, ela trabalhou como estudante no programa de saúde mental da Universidade da Califórnia e Los Angeles – UCLA.

Modelo de sistemas Neuman (1974)

O modelo de sistemas desenvolvido por Neuman é, também, composto por uma série de linhas concêntricas denominadas linhas de resistência cuja função é, igualmente, proteger a estrutura básica, que se situa no centro do sistema.

Essas linhas são ativadas quando a linha normal de defesa é atingida por estressores. Cada linha de resistência contém fatores de recursos internos e externos, conhecidos e desconhecidos, que suportam a estrutura básica do doente e a linha de defesa normal, o que proporciona a proteção do sistema.

Quando as linhas flexíveis, de defesa e de resistência são invadidas, podem ocorrer tanto o esgotamento de energia como o adoecimento e até a morte do doente, sendo necessárias intervenções terapêuticas que intercedam nesse processo ou amenizem os seus sinais e sintomas.


AGUIAR, E. de. Conceito de enfermagem. Gazeta do Povo, Curitiba, 12 maio de 1951.

NIGHTINGALE, Florence. Notas sobre Enfermagem: O que é e o que não é. 2. ed. São Paulo: Editora Cortez, 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação. Brasília: Ministério da Saúde, 2019.

POTTER, Patricia A.; PERRY, Anne G.Fundamentos de Enfermagem. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018.

Juntos, podemos transformar a enfermagem e, com ela, o mundo!

A essência da enfermagem reside no cuidado integral, ético e humanizado ao ser humano, em todas as fases da vida, respeitando sua individualidade, dignidade e necessidades biopsicossociais, espirituais e culturais. A enfermagem é uma ciência e uma arte, fundamentada em princípios científicos, mas também profundamente alicerçada na empatia, escuta ativa, compaixão e compromisso com o outro.