Aparelho reprodutor masculino
O aparelho reprodutor masculino é um sistema de órgãos responsável pela produção, armazenamento e liberação de espermatozoides, além da produção de hormônios sexuais, como a testosterona. Ele desempenha um papel fundamental na reprodução humana, permitindo a fertilização do óvulo feminino e a continuidade da espécie.
A saúde masculina tem sido um tema de crescente interesse nas políticas públicas de saúde, em especial devido ao aumento das taxas de morbimortalidade entre os homens por doenças evitáveis.
O público masculino, por características socioculturais, apresenta maior resistência em procurar serviços de saúde preventivos, o que resulta em diagnósticos tardios e maior incidência de complicações por doenças crônicas, como hipertensão, diabetes, e câncer de próstata.
Nesse contexto, o enfermeiro desempenha um papel essencial, atuando na promoção, prevenção e cuidado integral à saúde do homem, especialmente por meio da Estratégia Saúde da Família (ESF) e da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH).
Aspectos anatômicos
O aparelho reprodutor masculino é um sistema complexo composto por órgãos internos e externos que trabalham em conjunto para a produção de espermatozoides, a síntese de hormônios sexuais e a realização da função reprodutiva.
Órgãos externos
Os órgãos externos que compõem o aparelho reprodutor masculino são basicamente o escroto ou bolsa escrotal e o pênis.
Escroto
A bolsa escrotal é uma cavidade formada por pele delgada e rugosa, sustentada pelo púbis, que tem por função alojar e proteger os testículos, o epidídimo e os funículos espermáticos, mantendo a temperatura adequada à sua fisiologia. Em seu interior existe uma estrutura formada de membrana serosa, chamada túnica vaginal, que recobre as faces: anterior, média e lateral de cada testículo.
A fáscia de Dartos é uma camada de tecido fibroelástico localizada na região do escroto que auxilia na regulação da temperatura dos testículos.
A fáscia de Dartos contém fibras musculares lisas que permitem a contração e o relaxamento do escroto. Isso ajuda a regular a temperatura dos testículos, contraindo-se para aproximá-los do corpo em ambientes frios (para mantê-los aquecidos) e relaxando em ambientes quentes (para resfriá-los).
Pênis
O pênis é o órgão reprodutor e excretor do organismo masculino, em seu interior ele abriga a uretra, que é responsável pela eliminação da urina e pela condução do espermatozoide. Ele é formado por três partes: cabeça, corpo e raiz.
Órgãos internos
Os órgãos internos que compõem o aparelho reprodutor masculino estão localizados dentro da cavidade pélvica e abdominal, sendo: testículos, epidídimo e canal deferente.
Testículos
Os testículos são gônadas, isto é, órgãos que produzem as gâmetas, células sexuais, em formato oval, que estão situados anatomicamente dentro da bolsa escrotal, recobertos por uma camada chamada de túnica vaginal, além de espermatozoides, os testículos produzem diversos hormônios. Dentro dele estão as células intersticiais e os túbulos seminíferos.
As células intersticiais – chamadas de células de Leydig – descobertas, em 1850, pelo anatomista alemão Franz Leydig, são células grandes que possuem forma poligonal com núcleos arredondados, elas rodeiam os testículos e são responsáveis pela produção de hormônios masculinos (andrógenos).
Os túbulos seminíferos que são revestidos por tecido conjuntivo, em seu interior estão as células de Sertoli – são células grandes em forma piramidal que são responsáveis pela nutrição e sustentação dos espermatozoides.
Epidídimo
O epidídimo é o ducto responsável por coletar e armazenar os espermatozoides, nele ocorre também a maturação dos espermatozoides deixando-os aptos para a fecundação.
O processo de maturação dura cerca de 12 dias, porém os espermatozóides podem permanecer em torno de 90 dias nos túbulos do epidídimo até serem liberados ou reabsorvidos pelo organismo.
Canais deferentes
Os canais deferentes é um tubo fino, comprido e enovelado que se origina no epidídimo e termina na uretra, ele é responsável por transportar os espermatozóides, através de movimentos peristálticos, e também receber os líquidos produzidos pelas glândulas anexas: próstata, bulbouretrais e vesículas seminais.
Antes de penetrar na glândula prostática a canal deferente alarga-se formando a ampola que recebe em sua extremidade o líquido das vesículas seminais.
Glândulas acessórias
As glândulas acessórias do sistema reprodutor masculino são estruturas que produzem fluidos que se misturam aos espermatozoides para formar o sêmen. Esses fluidos fornecem nutrientes, proteção e lubrificação para os espermatozoides, aumentando suas chances de sobrevivência e mobilidade no trato reprodutivo feminino.
As principais glândulas acessórias do sistema reprodutor masculino são: próstata, glândulas bulbouretrais (de Cowper) e vesículas seminais.
Próstata
A próstata é uma glândula exócrina localizada entre a bexiga e o pavimento pélvico, sendo atravessada pela uretra, com peso entre 20 e 25g, ela é responsável por produzir um líquido claro e fluido que integra a composição e dá volume ao sêmen (cerca de 20%).
Além de produzir uma parte do sémen, no interior da próstata existem células musculares que têm um papel essencial no processo de ejaculação, já que participam no processo de ejaculação; os músculos pélvicos contraem sequencial e repetidamente, expulsando o fluido prostático (misturado com a componente testicular e das vesículas seminais), para a uretra sendo depois expelido do corpo.
A mistura dos fluidos que compõem o sémen torna-o alcalino, de forma a proteger os espermatozoides do ambiente ácido da vagina da mulher, permitindo prolongar o tempo em que se podem mover.
A próstata produz ainda uma proteína, o antigénio específico da próstata - o PSA responsável por ajudar na liquefação do esperma, permitindo manter a capacidade de mobilidade dos espermatozoides.
Hormônios masculinos
Os hormônios masculinos são substâncias químicas produzidas principalmente pelos testículos, mas também pelas glândulas adrenais e hipófise, que regulam diversas funções no corpo masculino.
O principal hormônio masculino é a testosterona, mas outros hormônios também desempenham papéis importantes na regulação do sistema reprodutor, desenvolvimento de características sexuais secundárias, metabolismo e manutenção da saúde geral.
Hormônios produzidos nos testículos
Os hormônios produzidos nos testículos são, na maioria, esteroides, isto é, sintetizados a partir do colesterol ou por acetilcoenzima A, sendo: testosterona, diidrotestosterona e androstenediona.
Testosterona
A testosterona é um hormônio produzido pelos testículos no homem e nos ovários nas mulheres. O córtex das glândulas suprarenais também produzem a testosterona, em pequenas quantidades.
Na fase embrionária, na presença do cromossomo Y, a testosterona faz com se forme o pênis, os testículos, a próstata e as vesículas seminais.
Durante a infância a testosterona quase não atua, já na puberdade sua produção se intensifica, sendo responsável pelo desenvolvimento das características masculinas tais como: crescimento do pênis, espessamento das cordas vocais (tom de voz), crescimento de pelos e barba, secreção das glândulas sebáceas, ossos mais consistentes, fertilidade, aumento da libido, produção e amadurecimento de espermatozoides.
Além disso, ela produz efeitos anabolizantes como: aumento da massa muscular, redução do nível de colesterol ruim – Low Density Lipoprotein (LDL) – e aumento do nível de colesterol bom – Hight Density Lipoprotein (HDL) – além da produção de glóbulos vermelhos no sangue.
A quantidade de testosterona produzida no homem varia entre 5 mg a 7 mg por dia, e sua reposição somente é indicada naqueles indivíduos que possuem hipogonadismo confirmado por testes laboratoriais.
Andropausa
Após os 40 anos de idade, é normal haver um declínio lento e gradual na produção de testosterona – hipogonadismo – cuja queda é estimada em cerca de 1% ao ano. A deficiência na produção da testosterona pode estar ligada a diversos problemas nos testículos como: diminuição da circulação, diminuição das células de Leydig e alteração do mecanismo de controle hormonal do organismo.
Dessa forma, aproximadamente 20% dos homens com mais de 50 anos de idade têm baixo nível desse hormônio, o que pode produzir um quadro de desinteresse geral, perda da libido, impotência sexual, diminuição da massa muscular (fraqueza), diminuição da densidade óssea (osteoporose), aumento da gordura abdominal, depressão, tristeza, insônia, estresse, ansiedade e mau humor.
Referências Bibliográficas
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