Enfermagem e ciência

Aparelho reprodutor feminino

O aparelho reprodutor feminino é formado por órgãos responsáveis pela produção de óvulos, pela recepção dos espermatozoides, pela fertilização, pela gestação e pelo parto. Ele também desempenha um papel crucial na produção de hormônios sexuais, como o estrogênio e a progesterona, que regulam o ciclo menstrual e outras funções reprodutivas.

O conhecimento sobre o aparelho reprodutor feminino evoluiu ao longo dos séculos, acompanhando o progresso da medicina e da cultura. Nas civilizações antigas, como Egito, Grécia e Roma, as explicações sobre o corpo feminino estavam frequentemente ligadas à mitologia e crenças religiosas.

Durante muito tempo, acreditava-se que o útero era um órgão independente e móvel, responsável por diversas doenças. Essa visão persistiu até a Idade Média, quando a anatomia humana ainda era pouco compreendida e cercada de suposições baseadas em conceitos filosóficos e religiosos.

Durante o Renascimento, o estudo do corpo feminino avançou com dissecações realizadas por estudiosos como Leonardo da Vinci e Andreas Vesalius, permitindo representações mais precisas da anatomia feminina. No século XVII, o uso do microscópio possibilitou novas descobertas, como a descrição dos folículos ovarianos por Regnier de Graaf. No entanto, apenas no século XIX, com os avanços na biologia celular e embriologia, a reprodução humana começou a ser compreendida de forma mais científica, esclarecendo o papel dos óvulos e da fertilização.

No século XX, a descoberta dos hormônios sexuais, como estrogênio e progesterona, trouxe avanços significativos no entendimento do ciclo menstrual e da função reprodutiva. Além disso, tecnologias como ultrassonografia e fertilização in vitro permitiram maior conhecimento sobre a fisiologia feminina. Atualmente, a saúde reprodutiva é um campo prioritário, abrangendo estudos sobre fertilidade, contracepção e doenças ginecológicas, refletindo não apenas o avanço científico, mas também as transformações sociais e culturais na valorização da saúde da mulher.

Aspectos anatômicos

Os órgãos do aparelho reprodutor feminino é formado por órgãos externos e internos que trabalham de forma integrada para garantir a função reprodutiva e sexual.

Órgãos externos

Os órgãos genitais externos do aparelho reprodutor femininos que compõem o pudendo ou vulva são os seguintes: vagina, lábios vaginais, clitóris, orifício da vagina e orifício da uretra.

vagina

A vagina é um órgão muscular, elástico e tubular que recebe o pênis durante o ato sexual, além disso possui a função de eliminação de fluxo menstrual e concepção do parto normal, dilatando-se para o nascimento do bebê. Internamente, em cada lado da vagina, encontramos as glândulas de Bartholin, que têm a função de produção e secreção de muco lubrificante.

As glândulas de Skene são pequenas glândulas localizadas do lado da uretra da mulher, perto da entrada da vagina, que são responsáveis por liberar um líquido esbranquiçado, ou transparente, que representa a ejaculação feminina durante o contato íntimo.

Lábios vaginais

Os lábios vaginais são dobras externas de pele formadas por tecido adiposo que podem ser: grandes lábios e pequenos lábios.

Os grandes lábios, conhecidos como labia majora, são as dobras externas da vulva, localizadas na parte mais visível da região genital feminina. Eles são compostos por tecido adiposo, glândulas sudoríparas e sebáceas, e, após a puberdade, são cobertos por pelos pubianos.

A sua principal função é proteger as estruturas internas da vulva, como os pequenos lábios, o clitóris, a abertura vaginal e a uretra, além de ajudar a manter a umidade e a temperatura adequadas na região.

Os pequenos lábios, chamados de labia minora, são dobras internas de pele, mais finas e delicadas, sem pelos e altamente vascularizadas. Eles ficam localizados dentro dos grandes lábios e envolvem a abertura da uretra e da vagina.

Os pequenos lábios são ricos em terminações nervosas, o que os torna sensíveis e importantes para o prazer sexual. Além disso, ele contém as glândulas de Bartholin que secretam fluidos que ajudam a manter a região lubrificada e protegida. Ambos os lábios variam significativamente em tamanho, forma e cor entre as mulheres, sendo essas variações completamente normais e parte da diversidade anatômica feminina.

As glândulas de Bartholin foram descritas pela primeira vez no século XVII pelo anatomista dinamarquês Caspar Bartholin, o Jovem, e desde então são reconhecidas como parte importante da anatomia feminina.

Clitóris

O clitóris é um órgão erétil localizado na parte superior da vulva, na região anterior aos pequenos lábios. É uma estrutura altamente sensível e desempenha um papel central na resposta sexual feminina. Embora seja pequeno em tamanho, o clitóris é rico em terminações nervosas, tornando-o uma das áreas mais sensíveis do corpo humano.

Órgãos internos

Os órgãos genitais internos do aparelho reprodutor femininos trabalham em conjunto para garantir a reprodução, desde a liberação do óvulo até a implantação do embrião no útero, sendo compostos pelo: útero, ovários e tubas uterinas.

Útero

O útero é um órgão oco, ímpar e mediano, em forma de uma pêra invertida, achatada na sentido ântero-posterior, que emerge do centro do períneo, para o interior da cavidade pélvica responsável por recepcionar e desenvolver o embrião durante a gestação que está localizado na cavidade pélvica entre o reto e a bexiga.

O útero pode ser dividido em duas partes principais com características e funções distintas, mas trabalham em conjunto para desempenhar papeis essenciais no sistema reprodutor feminino: o corpo e o colo (cérvix). Além disso, possui uma cavidade luminal, local onde o embrião se implanta após a fertilização do óvulo.

Corpo do útero

O corpo do útero é a parte principal e mais volumosa do útero, representando cerca de dois terços superiores do órgão, incluindo o fundo uterino, que é a região situada acima dos óstios uterinos. A cavidade uterina possui formato semelhante a uma fenda estreita e mede aproximadamente 6 cm de comprimento, estendendo-se do óstio uterino até a parede do fundo.

O útero é composto por três camadas principais, cada uma com características e funções específicas, sendo: perimétrio, miométrio e endométrio.

Perimétrio: trata-se da túnica serosa ou revestimento seroso externo do útero, ou seja, consiste em peritônio que se sustenta por uma fina lâmina de tecido conjuntivo envolvendo externamente o órgão.

Miométrio: trata-se da camada média, formada de fibras de músculo liso bem espesso, que durante a gestação fica muito distendido (mais extensa, porém muito mais fina). Durante o parto, a contração do miométrio é estimulada hormonalmente a intervalos cada vez menores para dilatar o óstio do colo e expelir o feto e a placenta e durante a menstruação, as contrações involuntárias do miométrio podem causar cólica (dismenorreia).

Endométio: é a túnica mucosa interna, altamente vascularizada – trata-se de uma camada que está firmemente aderida ao miométrio subjacente. Participa ativamente do ciclo menstrual, sofrendo modificações de sua estrutura a cada estágio (ciclos de 28 dias). Se houver concepção, o blastocisto implanta-se nessa camada durante a nidação; quando não há, a face interna dessa camada, mais espessa, passa por uma importante descamação e é eliminada durante a menstruação.

Colo do útero

O colo corresponde ao terço inferior; ele é cilíndrico e relativamente estreito, com comprimento aproximado de 2,5 cm em uma mulher adulta não grávida. Anatomicamente o colo do útero é dividido em endocérvice, parte interna, que constitui o canal cervical e ectocérvice, parte externa, que mantém contato com a vargina.

Ligamentos

Os ligamentos do útero são estruturas de tecido conjuntivo que sustentam e estabilizam o útero dentro da cavidade pélvica, mantendo-o em sua posição anatômica correta, sendo: ligamento útero-ovárico, ligamento redondo do útero e ligamento largo do útero.

Tubas uterinas

As tubas uterinas, ovidutos ou trompas de Falópio são canais que desempenham o papel de transportar o ovócito ou zigoto (óvulo fecundado) do ovário até o útero.

Ovários

Os ovários são gônadas femininas, em formato de amêndoas, responsáveis pela produção de hormônios e óvulos, neles encontramos os folículos de Graff, que são agrupamentos de células germinativas que originam os gametas, que se apoiam na túnica albugínea, por folículos primordiais.

Ao contrário dos homens, que produzem espermatozoides por toda a vida, as mulheres possuem uma quantidade limitada de folículo de Graaf (cerca de 400.000), desse total, apenas em torno de 400 se transformarão em gametas maduros que são liberados um em cada ciclo menstrual.


Referências Bibliográficas

GONZALEZ, Helcye. Enfermagem em ginecologia e obstetrícia. 14. ed. São Paulo: Editora Senac São, 1994.

GOTTI, Isabella Alice. Ciências morfofuncionais do sistema tegumentar, reprodutor e locomotor. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2015.

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